ARTIGO - JANEIRO/2016 - ADEUS A MAIS UMA COPA SÃO PAULO

No último domingo o Palmeiras perdeu a chance de continuar a luta para alcançar o primeiro título da Copa São Paulo. Somos o único time grande de S. Paulo sem nenhum título.

Teria sido surpresa a eliminação? Pelos últimos anos do sub 20, sim. Pela propaganda do elenco, sim. Mas, pelo futebol apresentado durante todo torneio, não. Pelas más atuações individuais e do grupo, não. E, finalmente, pelo planejamento, também não foi surpresa.
Com efeito, houve substituição da parte técnica em setembro de 2015, assim como troca de dez jogadores a partir também de setembro de 2015, ou seja, o time foi montado para a copa, o que deixa claro que o futebol ruim seria consequência desta falta de planejamento.

Questionada, a diretoria alega que houve “estouro de idade” de vários jogadores, término de contrato, etc. Enfim, nada além do que falta de planejamento, pois estas questões deveriam ter sido equacionadas meses antes de suas ocorrências.

A última revista do clube, que nos foi remetida agora neste mês, faz uma apologia das categorias de base e da integração com o profissional que, lamentavelmente, não ocorreu até agora. É fato que alguns jogadores tiveram mínimas chances e somente Gabriel Jesus pode ser considerado titular ou em condições de disputar a titularidade com outros jogadores. A verdade é que os demais não passavam de segunda, terceira ou quarta opções. Esta é a realidade.

João Pedro não teve nenhuma chance, só jogava na ausência de Lucas; Mateus Sales era a quinta opção. Só entrou após contusão de Gabriel e absoluta impropriedade técnica de jogar com Giroto ou Amaral e impossibilidade contratual do Tiago Santos; se saiu bem e, agora, em 2016, vai ser novamente relegado, pois adquiriram dois volantes, um a peso de ouro.

De outra parte, jovens jogadores, como lembrado pelos comentaristas, nunca tiveram chance. Nathan deve ir jogar no Chile e é pretendido por times brasileiros e tem chance de voltar a ser convocado pela seleção de base. Conosco nunca teve chance de ter uma sequência para mostrar se tem ou não futebol para seguir no grupo. E isso se repete com vários jogadores. Isso é que revolta e preocupa: investem-se milhões a cada ano e não se aproveita os que despontam com chance de seguirem no clube.

O Palmeiras segue sem conquistar o seu primeiro título na competição. Foto: Diario SP/ Divulgação.

Mas, vamos ver o que os outros times fazem: justamente o oposto. O Corinthians se desmontou no início de 2015, trouxe garotos para o grupo, como Malcon, Marciel, Guilherme Arana e outros jogadores. Se fosse na política que temos, todos seriam preteridos.

Este artigo está sendo escrito durante jogo da copa São Paulo. E tem jogadores do citado time que estão jogando e já jogaram no time principal. Resultado, melhor campanha. Campeão no ano passado e na semifinal deste ano.

Isso é integração, isso é planejamento. O próprio São Paulo, anualmente, revela jogadores que são aproveitados, vide Lucão e Rodrigo Caio, por exemplo. E o Santos então, um celeiro interminável de bons jogadores.

Mas, voltando ao Palmeiras, sem em 2015 alguns tiveram chances mínimas, nada indica que em 2016 será diferente, infelizmente. Surpreende ler notícias que o técnico só vai observar dois jogadores, pois pelo último jogo, quem merecia uma observação melhor seria o garoto Lippi, que entrou durante o jogo e demonstrou uma ótima capacidade de passes, curtos e longos. Ora, como não observar melhor este jogador?

Bem, voltando a Gabriel Jesus, ele veio para o Palmeiras em 2012 – outra gestão. O Palmeiras detinha 75% de seus direitos econômicos e, na renovação em 2014, passou a ter somente 30% (fonte www.estadao.com.br, artigo assinado por Daniel Batista). Conforme relata a matéria, foram nove meses de negociação e a perda do percentual ocorreu pela diminuição do valor do salário.

Ora, todos sabiam que se tratava de uma promessa que já havia demonstrado ter condições técnicas. Por que rejeitar um salário melhor e optar por perder direitos econômicos (numa futura venda)? Não se pode alegar questão financeira, porque naquela época – final de 2014 – já se anunciavam as mudanças e as contratações por atacado.

Agora uma pergunta a ser respondida: mais vale a pena pagar salário alto - e ter retorno - ao garoto que é palmeirense e quer jogar ou diminuir o salário (e com isso a multa rescisória), diminuir a percentagem dos direitos econômicos e gastar uma montanha de dinheiro com os salários de Felipe Gabriel e Cleiton Xavier?

Cada um responde como quiser.

A filosofia precisa mudar. Não me parece que levar uma série de garotos para estes amistosos no Uruguai represente mudança de pensamento (até pela ausência dos badalados Barrios, Clayton, Felipe Gabriel, Rodrigo, Mouche e outros). Espero estar enganado, para o bem do clube.