ARTIGO - SETEMBRO/2017 - A COPA RIO DE 1951 - NOSSO PRIMEIRO TÍTULO MUNDIAL

Aproveitando a pausa do Brasileirão, registro, de início, que a finalidade deste artigo é de dar uma resposta às gozações infundadas dos adversários, de deixar um legado às gerações mais novas, que não acompanharam os fatos e mostrar que, de fato, o Palmeiras é e sempre será o primeiro campeão mundial de clubes.

Para isso foi necessário resgatar dados históricos, a partir de 1950, registrados em jornais, livros e imprensa em geral. Destaco, entre as referências, os preciosos dados constantes das obras de Orlando Duarte (O alviverde imponente. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 2008) e Fernando Razzo Gallupo (Palmeiras Campeão do Mundo 1951. São Paulo: Editora Maquinária, 2011).

A verdade é que, após a Copa de 1950, já se começou a traçar os planos e modelo daquele que seria o primeiro campeonato interclubes e isso a FIFA não tem como negar.

A Copa Rio seus nomes 

Este campeonato intercontinental envolveu oito times da Europa e América do Sul e ficou conhecido no Brasil como Copa Rio, porque patrocinado pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Mas é conhecido como Campeonato de Clubes, Torneio Mundial de Campeões, Torneio Internacional de Campeões, e chamado de Torneio dos Campeões em países como Itália,Espanha e Portugal.

A competição foi organizada pela Confederação Brasileira de Desportos, com auxílio e autorização da FIFA, e foi a primeira competição interclubes com abrangência mundial, com repercussão em diversos países, a confirmar que não se tratava de um torneio local, sem apoio oficial da FIFA.

O planejamento do campeonato e a participação da FIFA

O planejamento do campeonato seu deu já em julho de 1950 (fonte jornal Estado de São Paulo, edição de 22/71950, pag. 8) e um dos objetivos era de criar uma versão para clubes da Copa do Mundo de 1950.

Ainda segundo a mesma edição do jornal acima indicado, o então secretário geral da FIFA,e um dos vice-presidentes, Stanley Rous, fez a proposta para a CBD realizar um "torneio de campeões de todos os países filiados à FIFA"e, segundo a imprensa italiana (La Stampa, edição de 21/7/1951), a ideia original foi dojornalista britânico Frank Thompson, do The Daily Mirror.

Em janeiro de 1951, o jornal "O Globo Sportivo" destacou que o presidente da FIFA, Jules Rimet, concedeu o apoio da entidade e nomeou Ottorino Barassi para o comitê organizador daquela disputa, tudo conforme relatou Albert Laurence naquele e em diversos artigos, em 1951, no "O Globo Sportivo”. Ele que, na época, era integrante do L'Équipe e France Football, tendo coberto o evento.

O jornal catalão - Mundo Deportivo - afirma que OttorinoBarassi atuou como Secretário da FIFA entre 1951 e 1952, em conjunto com Stanley Rous.

De acordo com o Jornal do Brasil do dia 20 de janeiro de 1951, Barassi e Stanley Rous vieram ao Brasil para discutir com a CBD sobre o Campeonato Mundial de Futebol e sobre a possibilidade de realizá-lo em junho e julho de 1951, o que se efetivou.

A FIFA deu aval à organização do torneio e indicou como representante seu Secretário-Geral, Ottorino Barassi e, ainda, indicou os árbitros. Mais que isso, esteve presente na final, para entrega da taça, por meio de seu secretário geral, Ottorino Barassi.

A conduta da FIFA no episódio

Em que pese a comprovação da participação da FIFA na elaboração e execução do campeonato, ela se contradiz quando se trata de reconhece-lo como campeonato mundial.

O então presidente Jules Rimet, em abril de 1951, segundo jornal espanhol El Mundo Deportivo, declarou que a Copa Rio não foi submetida à FIFA.

Mais de cinquenta anos depois, em março de 2007, a FIFA reconheceu a taça Rio como “Copa do Mundo de Clubes”. Por meio de um ofício, o então secretário-geral da FIFA, Urs Linsi, atestou que a primeira edição da Copa Rio tinha sido a primeira Copa do Mundo de Clubes oficial da história e declarou o Palmeiras como detentor do título da primeira competição mundial entre clubes da história.

Porém, em 15/12/2007, a FIFA divulgou que entendia o campeonato do ano de 2000 como sendo o primeiro campeonato entre clubes reconhecido por ela.

Presidente Affonso Della Mônica e o documento oficial.

Em 9 de agosto de 2014, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, reconhece o título do Palmeiras como um mundial.Mas, depois, a FIFA informou que aquele campeonato foi "o primeiro entre europeus e sul-americanos a nível mundial".

Em sequência, em 21 de novembro de 2014, o Ministério do Esporte do Brasil recebeu documento da FIFA reconhecendo que a Copa Rio de 1951equivale a um mundial de clubes. A informação veio por meio de uma cópia da ata da reunião do Comitê Executivo da entidade máxima do futebol que confirmou o Palmeiras como o primeiro campeão mundial interclubes.Intitulado "Reconhecimento da Copa Rio 1951 como a Primeira Copa Mundial de Clubes", o documento afirma que "depois do grande sucesso da Copa do Mundo FIFA no Brasil em 1950, a CBD decidiu promover outro campeonato em parceria com a FIFA visando elevar a qualidade técnica do esporte. Isso foi alcançado na Copa Rio de 1951".

No dia 18 de dezembro de 2015, a FIFA voltou a declarar que o Palmeiras é detentor do título da primeira competição mundial entre clubes da história que foi realizada em 1951, como o presidente Joseph Blatter havia garantido para a CBF e para a própria diretoria do clube durante a Copa do Mundo de 2014.

A nova confirmação veio por meio de um documento oficial ao jornal O Estado de S. Paulo, diretamente da sede da entidade máxima do futebol na Suíça. Um porta-voz da FIFA enviou um texto onde declara que o Palmeiras detém o primeiro título mundial da história.

No dia 22 de julho de 2016, a FIFA exaltou o aniversário de 65 anos do título da Copa Rio de 1951, conquistado pelo Palmeiras, naquele que foi o primeiro Mundial de Clubes da história. A entidade postou no seu Instagramo seguinte:

"Verde é a cor da inveja. O 'Verdão' foi invejado pelo mundo neste dia, há 65 anos. Inspirado por Liminha, o Palmeiras venceu um time da Juventus que tinha Giampieri Boniperti e um grande trio de dinamarqueses para se tornar o primeiro campeão global do esporte" 

Posteriormente, a entidade mudou a nomenclatura para "primeiro campeão intercontinental mundial de clubes".

Surpreendentemente, em janeiro de 2017, a FIFA emitiu uma nota na qual só considera como campeões mundiais oficiais da FIFA os vencedores da Copa do Mundo de Clubes disputada em 2000 e desde 2005.

Uma entidade séria, que comanda o futebol mundial, não pode agir de forma tão amadora, insegura e irresponsável. Afinal, se uma vez determinado pelo Comitê o título e sua classificação (dezembro de 2014, após pronunciamento do Presidente), não pode, a cada novo mandatário que assumir, querer ficar mudando o nome, só para tentar mascarar a importância do campeonato ou não melindrar outras equipes.

Pouco importa o nome que a FIFA outorgue ao campeonato ou ao clube campeão, mas a verdade é que somos os primeiros campeões interclubes. E, assim, acertadamente, em maio de 2017 o Palmeiras incorporou em seu uniforme uma estrela vermelha, alusiva à Copa Rio 1951.

O campeonato

Composto por oito times, divididos em dois grupos de quatro, o Verdão jogou a primeira fase em São Paulo e o Vasco da Gama, outro representante do Brasil, no Rio de Janeiro.

Vencemos o Nice-FRA por três a zero; Estrela vermelha-Iugoslávia por dois a um e perdemos para a Juventus da Itália por quatro a zero

Já no Rio de Janeiro vencemos Vasco da Gama, na semifinal, por 2 a 1 no primeiro jogo e empatamos por zero a zero o segundo.

As finais ocorreram no Maracanã, em 18 e 22 de julho, contra a Juve da Itália. No primeiro jogo vencemos por um a zero, gol de Rodrigues. Já a ficha do segundo jogo foi esta:

Palmeiras 2x2 Juventus
Local: Estádio do Maracanã
Público 100.93 torcedores.
Juiz: Gabriel Tordjan (França)
Palmeiras: Fábio Crippa; Salvador e Juvenal; Túlio, Luiz Villa e Dema; Lima, Ponce de León (Canhotinho), Liminha, Jair Rosa Pinto e Rodrigues.
Técnico: Ventura Cambon
Juventus: Viola; Bertucceli e Manente; Mari, Parola e Bizzoto; Muccinelli, Karl Hansen, Boniperti, Johan Hansen e Praest.
Técnico: Jasse Carver Gols: Praest (18’ do 1ºT), Rodrigues (2’ do 2ºT), Karl Hansen (18’ do 2ºT) e Liminha (32’ do 2ºT)

O TÍTULO MUNDIAL É NOSSO, A TAÇA É NOSSA E OS HERÓIS DAQUELA PROEZA MERECEM TODA NOSSA REVERÊNCIA