quinta-feira, 17 de maio de 2018

ARTIGO - MAIO/2018 - O TORCEDOR E O GESTOR. OS LIMITES DE ATUAÇÃO


Qual é o papel dos torcedores dentro do futebol moderno? 

A torcida faz parte do espetáculo do futebol, e é essencial para motivar os jogadores. Quando ela acompanha o time a consequência sempre é a melhoria do desempenho, pois ela pode contaminar o atleta. Esta é uma boa definição do torcedor e do seu papel, dada por Maurício Murad, sociólogo, doutor em Ciências do Desporto pela FCDEF, em artigo publicado no site https://universidadedofutebol.com.br/qual-e-o-papel-dos-torcedores-dentro-do-futebol-moderno/

Qual o papel do gestor de um clube? 

Henry Fayol definiu o gestor com muita simplicidade e clareza: a pessoa que desempenha esse papel está apta a interpretar os objetivos levantados pela empresa, atuando sempre com base no planejamento, organização, liderança e controle, convergindo tudo para a obtenção do que foi estipulado. 

O que não devem fazer o gestor e o torcedor? 

É óbvio que do gestor não se espera omissão, descompromisso com as finanças do clube e ineficiência administrativa, o que inclui a parte técnica no futebol. Ao mesmo tempo, do torcedor, não se espera, nem se admite, comportamento que vá além do extravasamento de suas emoções por palavras, vaias, ou mesmo silêncio. Inadmissível que se valha aleatoriamente de palavras ofensivas, gestos e ações de violência ou de incitação a esta. 

Sabemos que a torcida, via de regra, não é levada pela racionalidade e sim pela paixão. 

E tem ela todo direito de reclamar, vaiar e exigir, civilizadamente, melhoria do desempenho. O torcedor, como consumidor, tem direito de ter, além das condições seguras e confortáveis nos estádios, uma organização justa, séria e imparcial da CONMEBOL, CBF ou da FPF e, ainda, ver empenho dos atletas que estão vestindo a camisa do seu clube coração. 

Isso é natural: hoje vaia, amanhã aplaude, depois vaia outra vez, critica, depois elogia o desempenho, etc. Mas não pode passar destas esferas. 

Fora disso, seja com atos violentos, seja numa verdadeira simbiose entre gestor, patrocinador e torcedor, o resultado é muito negativo. Pior do que uma situação em que são os torcedores que ditam as regras do clube é quando eles criam um clima de tensão e ameaça, prejudicando e denegrindo a imagem da equipe. 

O torcedor de arquibancada, como se diz, fazendo parte ou não de torcida organizada, tem o direito de expor seus sentimentos; já o gestor, o administrador ou quem pertença a algum órgão do clube, precisa ter consciência dos limites destas posições que vai assumir enquanto torcedor, uma vez todos nós passamos, mas o clube fica, e não se deve criar situação de desequilíbrio. 

O torcedor quer título e não mede consequências para alcançar este objetivo, inclusive indo além do aceitável, em certos momentos. O gestor também quer isso, mas com um plano traçado na visão dele que, evidente, deve ser revisto ou aprimorado no decorrer da execução do projeto. E, mais que isso, deve ser cobrado por quem tenha legitimidade para tal. 

Temos inúmeros exemplos de que quando há esta verdadeira “confusão de interesses”, a situação tende a descambar. 

Futebol bem sucedido é, na essência, combinação de paixão com muito profissionalismo. A zona de limite destes dois conceitos é que determina o sucesso.

3 comentários:

  1. Parabéns pela lúcida manifestação. Nós torcedores temos que saber os limites de nossos atos e podemos a cada jogo demonstrar nossa vontade. Os dirigentes também não podem ficar no oba oba e achar que dinheiro fácil é solução. Veja o que ocorreu com o Palmeiras, gastou 120 milhões achando que era sem obrigação e agora está com débito neste valor, porque transformado em empréstimo. Futebol tem que ter seriedade.

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  2. Qual é o papel do Torcedor?
    Temos a Arena mais moderna, as maiores rendas, o Palmeiras pagou suas dívidas (nós não), temos o maior público, escolhemos e contratamos os melhores jogadores. Resultado; em 2017 não ganhamos nada, em 2018 já perdemos um titulo em casa para o Corinthians e de 5 derrotas no ano, 3 foram pra eles e como se fosse uma coisa normal. Com esse histórico devemos fazer o quê? Apoiar, aplaudir o fracasso? O custo é do torcedor, a receita do clube e dos jogadores. Milhões por mês pro Lucas Lima andar em campo, o Borja com dificuldade pra dominar uma bola, o Dudu jogar pra trás e quando faz um gol não comemora porque foi xingado nas redes sociais, os zagueiros falhando bisonhamente, o Roger, líder, sentado no banco em vez de comandar o grupo com força.
    O programa Avanti e o preço dos ingressos são os mais caros do Brasil, o torcedor gasta também com produtos da marca; camisas, bonés, canetas, agasalhos, faz propaganda da FAM, Crefisa, paga Pay Per View, se alimenta na Arena, bebe cerveja do lado de fora, sofre gozação dos rivais, passa nervoso.
    Quem faz tudo isso tem o direito de reclamar, xingar e no momento seguinte vibrar com um gol, uma vitória ou um campeonato.
    Esse é o papel do torcedor, seu direito.
    Ah se fizesse o mesmo com os políticos!

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