ARTIGO - SETEMBRO/2019 - OS VERDADEIROS RESPONSÁVEIS, JOGO DE CENA E O BODE EXPIATÓRIO. FALTA DE PLANEJAMENTO

Todo palmeirense está indignado e revoltado com o que está ocorrendo.

Há quem programe manifestações de rua contra a presidência; há os que, até ontem, estavam de acordo, se manifestando, agora, em redes sociais; há os que, nas entrelinhas, cutucam e os que se omitem.

Mas quem, de fato, tem culpa e deve ser responsabilizado?

Que mudanças devem ocorrer, além de eventuais trocas de nomes?

Teremos mesmo apuração de responsabilidades, ou somente um bode expiatório; aquele que vai levar culpa sozinha, para encobrir toda a verdade.

Penso, como já expressei várias vezes, que o modelo de gestão está errado.

A superposição de papeis no clube, a prevalência de interesses pessoais ou financeiros e a falta de preocupação com as finanças do clube são os principais fatores. O que importa é a filosofia de trabalho e não nomes.

Para melhor compreensão. Vamos ver quem, de fato, está no comando do clube, desde 2017, ditando as regras do jogo.

São três personagens principais, coadjuvados por outros: presidente, diretor de futebol e patrocinadores. Em segundo plano os presidentes do CD e COF.

São estes agentes que fazem a política do clube: contratam, se relacionam com empresários, firmam empréstimos, aparecem para valorizarem seus produtos, ditam as pautas e as sessões dos órgãos colegiados, etc.

Mas por que de 2017 para cá estamos com “déficit de títulos e superávit de dívidas”? 

Porque houve uma completa homogeneização de ideias e foco: time caro, time de grife e “dívidas justificáveis pelo investimento”.

Conceitos errados, já cristalizados no clube e em outros coirmãos.

Desde que representantes das patrocinadoras assumiram postos de evidência na política do clube, aliada à assunção do atual Presidente, que manteve o diretor remunerado, o que vemos é uma total falta de planejamento.

Primeiro ponto: contratações no atacado, sem preocupação com a parte técnica e financeira. Já mostramos no post de segunda feira a lista e os custos desta gestão. Mas, o pior, isso não é novidade. Estando no Cruzeiro, Alexandre Mattos também deixou um legado de contratações pífias.

Não sou eu quem está dizendo, até porque não conheço nem acompanho a fundo as questões deste clube. Mas, no SITE há o artigo: 

“Alexandre Mattos deixa o comando do futebol do Cruzeiro; veja os principais pontos da entrevista” por Alberto Ribeiro e Álvaro Castro - Hoje em Dia, 09/12/2014 e lá consta: 

“Confira as principais contratações da "era Alexandre Mattos"

Deram certo: Bruno Rodrigo, Dedé, Manoel, Egídio, Henrique, Willian Farias, Nilton, Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart, Dagoberto, Marcelo Moreno, Willian, Marquinhos, Tinga, Ceará, Borges e Júlio Baptista

Não deram certo: Everton, Thiago Carvalho, Mateus, Sandro Silva, Alex Silva, Fabinho, Rafael Donato, Diego Souza, Paulão, Nirley, Ananias, Souza, Lucca, Neilton e Luan.”

Ou seja, para cada contratação “certa” veio uma “errada”. 

Um acerto de 50%. Muito pouco para quem é profissional e vive disso.

Aqui no Palmeiras não está sendo diferente, com o acréscimo que os valores dispendidos são bem superiores, como amplamente divulgado.

Segundo ponto: 

Não bastasse o número ilimitado de contratações de jogadores, utiliza-se a mesma tática na escolha dos técnicos. 

A era deste triunviratum que, verdadeiramente, comanda o clube já teve seis treinadores (05 efetivos) em trinta e três meses de gestão: Eduardo Baptista, Cuca, Roger Machado, Felipão e Mano Menezes. Mais Alberto Valentim, interino, em 2 vezes. 

Ora, ou se está escolhendo mal, por falta de conhecimento técnico, ou se está favorecendo terceiros em detrimento do clube, em escolhas pessoais que não se sustentam. 

Esta tática, além de suicida do ponto de vista econômico é inaceitável do ponto de vista técnico. 

Futebol é conjunto, é sequência. O primeiro passo para o sucesso é a continuidade de um trabalho e, para isso, as escolhas devem ser acertadas. 

Errar uma, duas, três, quatro, vezes não parece ser demonstração de competência. 

Aposta-se nos jovens inexperientes e, nos primeiros embates, são demitidos. Aí optam pelos experientes e tradicionais da velha guarda, passa um pouco e lá são eles trocados por novos inexperientes e a gangorra segue. 

Vejamos os percentuais de aproveitamento dos nossos últimos técnicos.

Será que o problema está mesmo só nos técnicos? 

Será que não há supervalorização do elenco, pelo alto preço pago? 

Jogamos bem e mal com todos estes técnicos e muitas vezes muito aquém do que queremos. 

Qual a parcela de responsabilidade dos jogadores, dos departamentos que atuam no futebol e, principalmente da direção, entendida esta como todos que mandam ou dão palpites? 

Acho que está na hora de “pôr os pingos nos is” e não somente querer um bode expiatório para tirar o problema dos ombros, os ônus da crise e se safar sem cicatrizes, jogando-a no colo de outros, mais fragilizados no momento..

Os membros dos órgãos colegiados têm papel relevante, na medida em que as decisões principais são tomadas no seio dos colegiados. 

Por que o silêncio por mais de 30 meses? Por que uma “revolta nas redes sociais”? 

Por que, até ontem, tudo que vinha da presidência contava com apoio maciço dos partidários do projeto? 

Por que as pautas – de responsabilidade do presidente do CD - incluíam deliberações que procuraram “legalizar” atos da presidência e da patrocinadora, como retificações de balanços, aceitação de aditamentos de contratos que endividaram o clube, nomear membros e julgar procedimentos para afastar quem não se alinha com o projeto? 

Por que, por fim, dentro do CD, alguns tinham posição totalmente favorável aos acontecimentos e, para fora do CD, discursam de forma oposta? 

Bem, só o tempo vai dizer o que realmente está acontecendo. 

Nós, verdadeiros palmeirenses, temos que ficar atentos para que não sirvamos de massa de manobra. 

Queremos respostas. 

Não há possibilidade de se aceitar um simples jogo de cena ou um “passar a mão na cabeça” e tudo acabar em pizza. 

Não há como se apresentar uma contratação bombástica só para desviar o foco.

O Palmeiras passa por um momento delicado!