Dia 18 de janeiro os sócios estão convidados a se manifestarem sobre a reforma do estatuto.
Eleições e votações são, antes de tudo, verdadeira aula de democracia e, principalmente, de demonstração de respeito e apreço pela Instituição.
Dos oito itens a serem votados, dois chamam a atenção por sua importância para o futuro do clube. Um é a respeito do número de conselheiros vitalícios (primeira pergunta) e outro sobre a necessidade de transparência e divulgação das atas do COF (quinta pergunta).
A respeito do número de vitalícios, de longa data, é uma reivindicação dos sócios, pois nós, associados, como verdadeiros proprietários do clube e destinatários dos serviços, prerrogativas e obrigações, temos o direito de escolher nossos representantes no CD. Afinal, CD é o órgão que, coletivamente, nos representa.
Em pouco mais de dois anos, nós associados, mostramos que queremos participar mais das escolhas e votamos pela redução de vitalícios, obtendo maioria de 52% na assembleia de 2017 e 70% na assembleia do último dia 14.
Não se trata de denegrir a figura dos conselheiros vitalícios, nem desmerecer o trabalho que realizaram pelo clube. O que está em discussão é a necessidade de o CD ser composto, ao menos em sua ampla maioria, por representantes eleitos diretamente pelo associado e que este, caso entenda não estar o escolhido cumprindo seu papel, ou o representando dignamente, possa fazer novas escolhas a quatro anos.
Ninguém pode ter a ousadia ou a soberba de se achar insubstituível e eterno.
Ninguém deve ter o medo de enfrentar as urnas, de prestar contas ao eleitor, para poder pedir novo mandato.
Por melhores ideias que uma pessoa possa ter, é importante dar oportunidade de renovação, de que outras pessoas de bem, com projetos e conceitos mais modernos, possam vir a agregar forças em prol do nosso Palmeiras. A União faz a força.
Não se nega, a quem cumprir os requisitos do estatuto, de disputar a eleição a cada quatro anos. Isso é salutar, é democrático, é a participação e interação dos sócios com os candidatos.
Importante ressaltar que todos que prestam relevantes serviços à SEP são homenageados e reconhecidos, outorgando-lhes o título de sócios beneméritos, mas isso não dá a eles o direito ou a pretensão de quererem se instalar, de forma permanente no CD, porque este é o órgão de representação dos associados.
A dedicação que cada associado destinou ao clube, a experiência e a sabedoria adquiridas com os anos devem ser aproveitadas, mas, não necessariamente, na condição de conselheiro vitalício.
A manutenção da estabilidade político-administrativa da Sociedade Esportiva Palmeiras se dará pela efetiva e consciente participação do associado que, a cada três anos, escolhe o Presidente e a cada quatro anos escolhe os conselheiros, seus representantes no órgão, como prevê o estatuto.
A evolução da sociedade impõe esta alteração. As pessoas com mais idade, como eu, bem se lembram dos “senadores biônicos”, eleitos de forma indireta, figura nefasta na política brasileira dos anos 60/70, ou mesmo dos conselheiros indicados pela presidência/COF, no próprio Palmeiras, antes de 2002, quando 1/3 dos membros do CD eram “escolhidos”.
O CD, atuando como órgão legislativo, não pode estar atrelado à diretoria executiva e, portanto, deve atuar de forma livre e soberana. Não é isso que vemos hoje. São mais de 80 conselheiros que fazem parte da diretoria e das assessorias especiais da presidência e são estas pessoas que se tornam beneméritos, que postulam a vitaliciedade e que votam os atos da presidência, inclusive, por mais absurdo que pareça, eles votam as próprias contas.
Com certeza, para que o Palmeiras se engrandeça, cada vez mais, será preciso uma efetiva participação dos associados e decisões administrativas corretas, responsáveis e coerentes, a serem analisadas por um CD ético e isento.
Não existe nada mais antidemocrático e impositivo que impedir que os associados se manifestem, escolham seus representantes de forma livre e periódica.
A nossa história foi pautada por muita luta e esforço, e o nosso futuro deverá ser escrito por aquilo que a maioria quiser e, com certeza, eleição, participação e rotatividade nos órgãos de administração são essenciais para o sucesso destes novos projetos do clube.
Tenho eu, particularmente, o maior respeito por aqueles conselheiros vitalícios que efetivamente estão engajados com o clube, que participam, que votam, que não se omitem e, por isso, a figura deles deve ser respeitada e dada a devida importância com a manutenção no CD, mas em número menor.
Isso vai gerar, inclusive, mais respeito, mais importância ao cargo, fazendo com que os eleitos sejam, efetivamente, merecedores.
A mescla, na medida certa, entre a experiência, certo conservadorismo e a modernidade, a ousadia e o vigor, é o ponto chave para o sucesso.
A emenda que apresentei, com outros colegas, e que corresponde a opção dois na primeira pergunta é justamente neste sentido. Nossa proposta é termos no quadro do CD dois terços eleitos pelos associados (200) e um terço de vitalícios (100).
A evolução administrativa do clube é necessária, uma reforma completa do estatuto precisa ser concluída. Desde que eu entrei no CD, em 2011, vimos muitas mudanças: a eleição direta para presidente, mais compromisso dos administradores com a coletividade e o resultado foi um ganho na qualidade e um salto do nome e da marca Palmeiras, que poderia ser maior caso alguns equívocos não tivessem sido cometidos e, com certeza, alguns deles poderiam ter sido corrigidos no CD caso este, efetivamente, estivesse composto por membros isentos e escolhidos pelos sócios, devendo dar satisfação de suas decisões aos eleitores.
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