ARTIGO - NOVEMBRO/2020 - PORQUE PEDIMOS O CANCELAMENTO DA REUNIÃO DO CD. TEMEM AS URNAS, MAS NÃO O VÍRUS?

Como devem ter lido no artigo de sexta-feira, eu e dezenas de Conselheiros eleitos, pedimos o cancelamento da reunião do CD do clube, marcada para o próximo dia 07/12. 

Dois foram os fatores e aqui serão explicados. 

1. A pandemia do coronavírus desaconselha reuniões e aglomerações. 

É sabido que a pandemia vem aumentando nas últimas semanas, seja no número de infectados ou em óbitos. 

Aqui mesmo em São Paulo, a qualquer momento, sairá nova regra, com retrocessão na cor da fase da pandemia (estamos na fase verde) a indicar a necessidade de manutenção do distanciamento social e a evitar-se aglomerações. 

Na contramão da saúde, o presidente do CD marca uma reunião extraordinária do órgão só para eleger conselheiros vitalícios. 

Isso é uma afronta à saúde de todos os conselheiros. 

Primeiro porque não há nenhuma relevância na matéria a justificar esta convocação neste momento delicado por que passa a humanidade. 

Segundo porque o ginásio onde será realizada a reunião é sabidamente impróprio, sem ventilação natural que é suprida pelo uso de potentes ventiladores que são colocados nas laterais, voltados ao centro do ginásio e, assim, espalham o ar e o vento por entre os conselheiros, em total desarmonia com o que os órgãos de saúde recomendam, pois é sabido que os ventiladores apenas dispersam os vírus (Evitar o uso de ventiladores e ar condicionado, https://www.unicamp.br/unicamp/cartilha-covid-19/orientacoes-sanitarias-para-o-enfrentamento-da-pandemia). 

A própria OMS publicou a respeito: "O ar soprado de uma pessoa infectada diretamente para outra [por meio do ventilador] em espaços fechados pode aumentar a transmissão do vírus de uma pessoa à outra" (https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/07/31/oms-desaconselha-ventilador-em-local-publico-fechado-por-causa-de-risco-transmissao-da-covid-19. 

Portanto, absolutamente desnecessário que se coloque em risco mais de 260 conselheiros só para votar sobre vitalícios. 

A prova disso é que na última reunião convocada, mais de cento e cinco conselheiros justificaram ausência. Eu repito, mais de 1/3 do colegiado optou por não ir, certamente por conta da preservação de sua saúde. 

E mais, quanto menor o número de conselheiros que aparecer mais fácil fica para os candidatos alcançarem o quórum de 50% mais para se eternizarem no CD. Será este o objetivo? 

Muito triste ver que, para atender poucos, coloca-se em risco a saúde de centenas de pessoas. 

Em terceiro lugar, eu pergunto qual a urgência desta matéria? Por que não se aguardar uma reunião ordinária e fazer as duas de forma sequencial? 

Por que tantos candidatos querem, a qualquer custo, se tornarem vitalícios? Seria o medo das urnas? 

Nada mais justo que quem postule representar o associado no CD seja legitimamente eleito pelos próprios sócios e não por seus pares do CD, com rotatividade. 

2. Respeito à vontade dos associados. 

O segundo ponto é justamente esse. Os sócios já se manifestaram em três recentes oportunidades, desde 2017, de forma majoritária, pela diminuição dos vitalícios e, por questões arcaicas do estatuto, não houve aprovação, apesar de sempre contar com maioria que chegou a quase 70% numa das vezes, mas faltaram seis votos para atingir o quórum mínimo de validade da Assembleia. 

Os sócios, em sua esmagadora maioria, não querem tantos vitalícios no CD e isso vem sendo desrespeitado pela presidência do CD que se apega a falta de aprovação para, em vez de apoiar a vontade dos sócios, prefere acomodar interesses particulares e toda vez insistir na convocação para eleição de novos vitalícios. 

A escolha direta da representação de qualquer grupo social organizado, tal qual a escolha dos representantes do órgão que representa os sócios, apresenta-se como a mais fidedigna expressão da democracia. 

Está na hora do associado se mobilizar e mostrar o que quer, reivindicando seus direitos junto aos órgãos da administração e aos próprios conselheiros. 

O Palmeiras é muito grande para ficar refém dos interesses de alguns em detrimento do coletivo.